Baptismo de Sta. Prisca |
Santa Prisca
(18 de Janeiro)
Virgem e Mártir
(comemoração - paramentos vermelhos)
Santa Prisca, virgem e mártir, padeceu martírio em Roma, sendo de treze anos, no terceiro do império de Cláudio. Foi filha de um nobre cidadão, que fôra três vezes Cônsul de Roma. Esta virgem acharam os ministros do imperador na igreja, e a prenderam e levaram a Cláudio, e por seu mandado foi levada ao templo de Apolo para lhe fazer sacrifício; mas orando ela ao Senhor, tremeu a terra e caiu o ídolo e a quarta parte do templo, e matou muitos gentios e os sacerdotes dos ídolos. Fugiu o imperador atemorizado, e o demónio bradava pelos ares que o lançavam porá da casa onde morava sessenta e cinco anos em companhia de noventa e três espíritos mais seus súbditos.
Mandou o imperador que injuriassem a Santa com bofetadas, mas logo veio sobre ela uma luz do Céu, e a voz de Deus, que a confortou. No seguinte dia a mandou Cláudio despir, e que nua a açoitassem com varas até a matarem; porém sendo consolada por Jesus Cristo, apareceu seu rosto resplandecente como estrela. Mandou-a meter no cárcere, e que com gordura fervendo escaldassem todo o seu corpo. Em toda a noite ouviram cantar a virgem com multidão de Santos; e quando pela manhã a quis tirar para fora Limineu, parente do imperador, sentiu excelente cheiro, e entrando no cárcere a achou rodeada de Anjos, e assentada em uma cadeira, e querendo derriba-la, desapareceram os Anjos; e sendo apresentada diante do César, e levada ao templo para sacrificar, bradava o demónio dizendo: que o fogo, que procedia dos quatro cantos do templo, o abrasava. Veio logo fogo do Céu, que queimou os sacerdotes, e parte dos gentios, e o ídolo ficou desfeito em cinza.
Vendo Cláudio isto, mandou entregar a Santa ao corregedor da cidade para a castigar, e sendo levada à audiência do juiz, lhe rasgaram suas carnes com unhas de ferro, e depois disso a meteram no cárcere; mas passando o juiz por ali a cavalo, viu por uma fresta dele, que a Santa estava assentada num trono, e tinha seu rosto muito claro e resplandecente. Selou logo o cárcere com seu anel, e deixou cinquenta soldados em guarda, os quais a ouviram naquela noite cantar com os Anjos. Sendo manhã a mandou levar ao anfiteatro, e lançar às feras: soltaram-lhe um bravíssimo leão, a que davam cada dia uma ovelha a comer, e havia quatro dias que lha não davam. Saindo ele ao terreiro, se foi correndo para onde estava a virgem, e lançando-se a seus pés, começou a lambê-los, pelo que o mandaram recolher, e ele arremeteu a um parente do imperador e o matou. Vendo Cláudio isto, mandou-a tornar ao cárcere, e que se lhe não desse de comer três dias.
No fim deles a tiraram do cárcere, e achando-a com inteiras forças, e com o rosto muito alegre e resplandecente, a mandou pendurar no aquleu ou cavalete, e rasgar-lhe com unhas de ferro as costas; mas logo os braços e mãos dos algozes, foram atormentados de grandes dores. Foi depois disso lançada em um grande fogo, mas vindo de repente uma grande chuva, e vento furioso, apagou-se o fogo e a virgem ficou livre. Atribuindo Cláudio isto à arte mágica, mandou-lhe cortar os cabelos, para que assim cessassem os feitiços. Feito isto, a mandou encerrar no templo dos ídolos, e fechou a porta, selando-a com seu anel, mas ali foram ouvidas vozes de Anjos, que juntamente com ela louvavam a Deus. Dali a três dias entrou o imperador no templo, e achou a virgem assentada num trono, cercada de Anjos, e junto do pé da coluna estava o ídolo quebrado. Pelo qual muito irado Cláudio a mandou degolar fora da cidade. Mas a virgem gloriosa fazendo oração ao Senhor, que recebesse seu espírito, com voz angélica foi convidada para a glória. E assim foi degolada, e os carcereiros caíram logo mortos.
Sendo isto dito ao Santo bispo da cidade de Roma, veio com seus clérigos para sepultar o corpo da Santa virgem mártir, achou duas águias sobre ele, que o guardavam, para que não fosse tocado das feras. E recolhendo o bispo aquele santo corpo, o sepultou dez milhas da cidade na via hostiense, onde fôra degolada. O imperador ferido de grave enfermidade, mordendo suas próprias carnes, dali a poucos dias miseravelmente espirou. No tempo do papa Euriciano foi divinamente revelado o lugar, onde estava o corpo da bemaventurada virgem ao mesmo Papa, e ele o levou à cidade, e o sepultou honradamente na igreja dos Santos mártires Aquila e Prisca, e no lugar, onde foi degolada, edificaram os fiéis uma igreja em sua memória. Padeceu esta Santa virgem a 18 de Janeiro. (Flos Sanctorum - Lisboa 1869)
(continuação, dia 19)
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